Não estou tendo bons dias. A vontade de escrever sorrateiramente se escondeu. Acho que está debaixo de minha cama. Não só ela, também o medo que tenho de me machucar novamente. Estão aqui bem próximos de mim, como se não quisessem me deixar esquecer.
Pensei que por ser uma chama pequena e recém nascida não iria me machucar. Me enganei.
Doeu, ardeu, criou bolhas e está demorando para sarar.
Decidi me manter afastada de toda e qualquer ameaça. Estou apenas criando uma proteção para não mais sofrer.
O ruim é que mantendo-me completamente afastada do fogo não corro o risco de me queimar, mas ao mesmo tempo entrego-me totalmente ao frio. E esse, apesar de não queimar nem criar cicatrizes também dói. Ainda não consegui mensurar o grau da dor que provoca, mas posso garantir que dói.
Sim, sou melodramática, não posso negar. Não tenho o hábito de sair por aí me apaixonando, mas quando me apaixono é pra valer.
Ai de mim!
Não sei me apaixonar por um rostinho bonito, nem por uma conta bancária. Não sou hipócrita o bastante para falar que ambos não são boas companhias. Porém, das poucas vezes em que me deixei flutuar por uma paixão foram as palavras que me seduziram. Sedução essa que não pude fazer nada além de aceitar.
Não sei se alguém que ama deseja estar longe. Em mim o desejo de estar perto é tão imenso que acabo criando a pessoa amada da forma que quero. E nos meus devaneios ela sempre me diz sim.
Não é uma forma muito sadia de amar, eu sei.
É o jeito que encontrei para mantê-lo perto de mim.
E toda forma de amar é justa, não é?